sexta-feira, 11 de abril de 2014

Poesia

"De repente não mais que de repente
Fez-se de triste o que se fez amante
E de sozinho o que se fez contente

Fez-se do amigo próximo, distante
Fez-se da vida uma aventura errante
De repente, não mais que de repente"

(Extrato de 
Soneto da Separaçao - Vinicius de Moraes)

De repente, é a poesia.
Poesia, Vinicius!
Eu nunca gostei.
Mas ele gosta.

Fico aqui na ilusão 
de num verso qualquer por aí
encontrar a resposta
pra pergunta que eu nem sei qual é. 
Deve ter algum segredo
escondido nessas coisas
que ele sabe 
e eu não sei.
A impressão de poder diminuir a distancia
entre meu corpo e  meu coração. 

Poesia, Vinicius!
Eu nunca gostei
Nunca me conformei
com essas frases curtas
como quem corta as rosas
que ainda nem abriram.
Uma miragem
que desaparece quando a gente está quase lá.
Fazendo a vontade aumentar
e a falta,
a falta,
o vazio,
o vazio,
e o fim.

(Essa necessidade de pressupor o final
que faz a gente se perder
em compreensões equivocadas.
Das coisas  covardemente não ditas.)

Com ele é a mesma coisa, Vinicius.
Poesia,
só poesia.
Nada mais.
Rosa podada,
palavra pela metade,
miragem no horizonte.

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