quarta-feira, 16 de novembro de 2011

Quarta-feira

Ele me chamou pra almoçar quarta-feira.
Não sei porque, mas a gente sempre comia pizza. Eu ainda estava aquela jacuzisse de não comer muito na frente do cara. Ai eu comia uns pedacinhos e ficava ouvindo ele falar aquelas coisas que na época eu achava as mais inteligentes do mundo. 

Eu encontrei com ele no bar quarta feira.
Era jogo do Cruzeiro, ele estava com uns caras da facu. Eu me diverti mexendo nos cabelos loiros dele, e vendo ele ficar sem graça quando ele falou uma coisa e ninguem ouviu, ai ele repetiu e ninguem ouviu de novo. Acho que eu vou lembrar da cara que ele fez pra sempre. E pra sempre ter aquela vontade de morder ele. Depois eu desci pra aula e ele foi pro campo.

Nos nunca nos encontramos numa quarta feira.
Tá explicado....Nos encontramos numas terças. Pra tomar sorvete, ou comer brownie, ou ver uma peça de teatro. E ele me traumatizou dizendo que eu como muito.

Ele me chamou pra almoçar varias quartas feiras.
E em algumas delas ele ficava me encarando, me vigiando comer (e pensando agora, me dá vertigem lembrar que ele OLHAVA PRA MIM. Eu me sentia meio, como se diz, nua...). Era bom, mas era perturbador. (Como tudo costumava ser ao lado dele...).

Ele me chamou pra almoçar quarta feira.
Foi a primeira vez que eu vi ele sóbrio. Ele almoçou calmamente, como se não tivesse ninguém por perto. Eu pude comer sossegada. E ele não falou nada das minhas mãos sem esmalte. Comentou só que eu estava "toda arrumadinha, de trança". Ele faz uns comentários tão peculiares.

Quarta-feira tem um trem. Os homens ficam estranhos nelas.


Sabia que eu devia ter matado aquela aula....

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